Flagrante??????

E continua....
Tribuna da Bahia


Flagrante do desespero de uma mãe
Publicada: 29/07/2010 01:31| Atualizada: 29/07/2010 01:12

Daniela Pereira e Tatiana ribeiro

A doméstica Adnalva Maurício de Souza ficou conhecida nacionalmente após ter sido presa sob a acusação de tentar subornar policiais militares da 14ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) para garantir a liberação do filho, preso por tráfico de drogas. Custodiada na 9ª Delegacia, Boca do Rio, a mulher garante que não cometeu nenhum crime e que levou o dinheiro a pedido do filho. A gravação feita pelos policiais durante a prisão de Adnalva foi veiculada nacionalmente e o desespero da mulher causou comoção social.

Segundo o delegado Antonio Carlos Magalhães, titular da 5ª Delegacia, o processo foi encaminhado para a Justiça. Na tarde de ontem, a advogada da doméstica, Karine Araújo, foi até a 1ª Vara de Tóxicos e deu entrada no pedido de fiança para o juiz. “Ela está respondendo por corrupção ativa, mas a situação dela foi uma ilegalidade. O delegado faz o que melhor entender e cabe à Justiça corrigir alguma falha cometida. Já a situação do filho dela é mais delicada porque ele foi preso por tráfico de drogas e já tem passagem pelo mesmo crime. Dona Adnalva é uma pessoa simples, sem instrução e não sabia o que estava fazendo. Ela foi pega de surpresa com a prisão”, afirmou

O professor de Direito Penal da Ufba e advogado criminalista Sebastian Borges Melo, avalia o caso como um mau entendido. “Ela poderia ter levado esse dinheiro com outras intenções como para pagar uma fiança, um advogado ou até mesmo uma propina. Caberia ao policial que trabalha com isso diariamente, esclarecê-la de que ela estaria cometendo um crime. A prisão seria ilegal se não fosse comunicada ao juiz”, esclareceu.

Ainda segundo o advogado criminalista, com relação à exposição da imagem da doméstica de forma abusiva, imagem esta gravada pela polícia, ele declarou que a Adnalva poderia recusar o uso da imagem. “As pessoas não são informadas que sua imagem não poderia ser exposta. Se houve exposição indevida, se for comprovado, ela futuramente pode pedir uma indenização ao estado”, explicou o advogado.
Adnalva alega inocência

Adnalva compareceu à delegacia com uma quantia de R$ 500, que segundo ela, teria sido pedida pelo filho, para o libertar da prisão. Erisvaldo Souza dos Santos, 20 anos, preso por tráfico em Plataforma, Subúrbio Ferroviário.

Ao receber ordem de prisão em flagrante por suborno, a acusada se desesperou e implorou para não ser presa. Adnalva se jogou ao chão e ainda tentou correr pelos corredores da unidade policial, mas foi inútil. Trajando roupas simples e com olhar de desespero, a chegada ao local e todas as atitudes da mãe foram gravadas pelos agentes.

Horas após a prisão, a doméstica chegou a conceder entrevista à Tribuna, quando alegou inocência. “Eu congrego na Igreja. Saí de porta em porta pedindo dinheiro aos meus irmãos e amigos. Consegui os R$ 500. Que mãe não vai querer ver o filho livre das grades. Qualquer mãe não queria ver o filho fora da prisão. Não queria subornar ninguém. Eu não sabia que isso era errado. Tem um homem que me ajuda no bairro e se ele me vê na TV, não vai querer me ajudar mais. O que vou fazer da minha vida? Tenho dois filhos pra criar e estou desempregada”, relatou.

A comerciante Claúdia Castro de Oliveira, 33 anos, afirmou que, no primeiro momento gostou de assistir a exibição das imagens, mas logo após, um sentimento de compaixão pela acusada tomou conta dela e do marido. “Não sei se ela realmente tentou subornar a polícia, mas senti uma pena em vê-la pedir para que não fosse presa. Acho que a intenção dela, realmente, não era criminosa”, disse.
Diálogo e prisão filmados

A doméstica foi filmada enquanto policiais a questionavam sobre o valor em dinheiro que seria para libertar o filho. No entanto, Adnalva Souza alega que além do filho (acusado de tráfico), um policial teria ligado pedindo os R$ 500. Confira trecho do diálogo, no momento da prisão:

Comandante: Esse dinheiro é da senhora?

Adnalva: É eu saí pedindo a um e a outro

Comandante: Esse dinheiro é pra mim?

Adnalva: Ele que pediu

Comandante: Ele quem? Foi seu filho?

Adnalva: Ele ligou pra mim e pediu

Comandante: Ah! Esse dinheiro é pra ajudar na liberdade dele, né isso?

Adnalva: Sei lá... eu não sei de nada, ele que falou pra eu trazer.. Disse: minha mãe, peça a minha tia ou arranje por aí...

Comandante: Oh dona Adnalva! Quero dizer que a senhora está presa em flagrante delito

Adnalva: Mas eu não tenho nada a ver não gente. Não tenho nada a ver não. Não! Não, gente! Por favor! Pelo amor de Deus (aos prantos)

Erisvaldo: Minha mãe não, minha mãe não!

Adnalva: Não! Socorro! Não! Não faça isso, pelo amor de Deus! Pelo amor de Deus! Eu não tenho nada a ver com isso não. Peraí deixa eu conversar... pra que isso?

Policial: A senhora tem que me entregar o braço, pra pôr a algema...

Adnalva: Foi minha irmã que me deu esse dinheiro. Peraí! Socorro! Socorro me ajuda!

Policial: A senhora veio pagar propina?

Adnalva: Eu não vi pagar não, ele ligou e disse; “mainha a senhora arruma esse dinheiro aí”.

Publicada: 29/07/2010 01:31| Atualizada: 29/07/2010 01:12

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

POEMA EM LINHA RETA

Evite assaltos a ônibus. 13 dicas!

Trilhar!!!